sexta-feira, 18 de março de 2011

Fenômenos Paranormais em Belém

No último mês de maio, a família Batista, em Icoaraci, voltou a vivenciar um fenômeno que ainda não encontrou uma explicação capaz de satisfazer os cerca de 10 integrantes da família. Os colchões de uma cama box queimaram todos de uma só vez. “Ninguém sabe dizer o que acontece”, diz Gonçala Batista, a matriarca da família, enquanto mostra a madeira chamuscada da cama. No quarto ao lado, Maria Ivete também aponta para os sinais de fogo que atingiram a parede e a cama. “Surge do nada”, diz ela.

Combustão espontânea, objetos que são arremessados de um lado a outro, copos e pratos que se quebram sem motivo aparente. Os exemplos são variados e mais comuns do que se pode pensar quando se fala em eventos paranormais. Não é difícil encontrar alguém que tenha uma história para contar. E o que antes era considerado apenas um ato de charlatanismo para os mais céticos ou uma demonstração da existência de forças ocultas pairando sobre a nossa existência terrena, já é estudado com seriedade pela ciência.

Um exemplo disso é que em julho a revista Superinteressante dedicou nove páginas ao tema. Em resumo, a publicação diz que a paranormalidade está “mais do que nunca no mundo da normalidade mesmo”. Será?

FOGO

Em abril do ano que vem se completam três anos desde que a família Batista começou a viver os pesadelos da combustão espontânea em casa. A família morava na rua Juvêncio Sarmento, em Icoaraci, conhecida pelos moradores como 5ª Rua. O relato é de Rita Batista:

“Começou pela parte da noite. Voltávamos da igreja quando apareceu um foco de incêndio. Os objetos que inflamavam rápido apagavam num canto e outro aparecia pegando fogo no outro canto. Foi a noite inteira assim. Ninguém dormiu essa noite. Lá pelas seis da manhã colocamos os móveis todos na frente da casa. Um vigia passou e disse que estava tudo queimando. Perdemos oito colchões nesse dia, além de toda a roupa”.

Os fenômenos passaram a se repetir. Foram pelo menos quatro meses em que o fogo aparecia ‘do nada’. O vizinho Raimundo Nonato é testemunha. “Pegava fogo nos tijolos da casa. Trouxeram três padres de Marituba para olhar a história, mas o primeiro deles logo que chegou passou mal e caiu no chão. Eles não demoraram nadinha”, lembra.

Psicólogos também passaram pela casa para estudar o fenômeno. A mídia caiu em cima. A família se retraiu. Mudou de endereço. Hoje todos moram numa área da periferia de Icoaraci. Mas de vez em quando o fogo espontâneo faz uma visitinha.

Novena Contra Chuvas de Pedras

Talvez o fenômeno que importunou a família Batista não seja tão espontâneo assim. Autor de dois livros sobre o assunto, o padre Jaime Pereira não acredita muito em fenômeno de outro mundo. “Normalmente é alguém da casa que libera uma energia e faz com que tudo aconteça. É alguém que está precisando de ajuda e pede socorro”, diz o padre. Segundo ele, já foi constatado que quando essa pessoa muda de casa, os fenômenos desaparecem ou se mudam junto com ela.

Com a família Batista ocorreu isso. E também com a família de Leda Maria de Souza Santos, de Mãe do Rio. Na casa dela, eram pedras que voavam de um lado a outro, sempre que o marido Edvaldo, o Baiano, ou a filha Emília estavam por perto. “Começou de noite na garagem da casa”, lembra Leda, hoje viúva com 67 anos.

Foram 24 horas de pedras surgindo dos mais diversos lados. “Teve uma pedra que bateu no vidro da televisão. Outra apareceu numa jarra de vidro. Outras em copos e muitas batendo no telhado”, conta.

A solução foi religiosa. Leda Maria convocou algumas missionárias e promoveu sessões de novena em casa. Foram nove noites seguidas. As pedras pararam de incomodar. Não voltaram mais. A filha Emília mudou para Belém e, atualmente evangélica, se recusa a tocar no assunto. A casa foi alugada para a prefeitura. Ou seja, se pedras vierem, talvez não sejam um fenômeno sobrenatural e sim algum tipo de protesto da população, caso a administração municipal não corresponda às expectativas dos eleitores.

Em Belém, a aposentada Alzira de Melo Gonçalves viveu situação semelhante à da família Santos, de Mãe do Rio. “Um dia acordamos com as coisas todas espalhadas pelo chão, inclusive dinheiro. Pensamos que havia entrado ladrão, mas não levaram nada. Que ladrão é esse que espalha tudo e não rouba nada, pensamos”.

Foi só o início. Começariam as pedradas na parede e no telhado. Garrafas também caíam da mesa e vozes eram escutadas. “Um dia, a caixa de discos do meu filho foi jogada ao chão. Toda noite era isso”, lembra Alzira, de 76 anos.

Uma anciã saiu para visitar uma amiga. Deixou os três filhos em casa. Não demorou muito e os três surgiram esbaforidos e amedrontados, dizendo que as ‘visagens’ estavam fazendo um carnaval na casa.

Alzira voltou e, no caminho, próximo a uma ponte, decidiu ter uma conversa definitiva com os ‘autores’ do fenômeno. Foi algo mais ou menos assim: “Estou conversando com quem eu não sei, mas quero que parem com isso. Não mereço isso. Se for o demônio é bom saber que não estou com medo, porque estou com Deus. E se for para me matar, pode me matar, mas deixe meus filhos fora disso”.

Ao lado, o cachorro que acompanhava Alzira uivava e latia. “Parecia que estava vendo tudo”, lembra a aposentada. Se foi a conversa franca que teve com as ‘forças do além’ o que encerrou os fenômenos, Alzira não sabe explicar. Mas garante que nunca mais teve problemas.

“Primeiro temos que descartar a questão da fraude. E se for necessário, encaminhamos a família para uma espécie de terapia. Só em última instância é que buscamos explicações sobrenaturais”, garante o padre Jaime. “Se é natural ou não, nem quero saber. Só quero que não me perturbe mais”, resume Alzira.


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